Repercussões do 17º Grito dos/as Excluídos/as
De ano para ano, desde 1995, o Grito dos/as Excluídos/as vem mudando o imaginário popular em torno da data de 7 de setembro. Não se trata somente de comemorar o Dia da Independência, na Semana da Pátria, com desfiles de armas e cavalos, soldados e escolares, esquadrilhas da fumaça e discursos das autoridades. Trata-se também de colocar em cena, no imenso palco da história, os gritos que afligem e desfiguram grande parte da população brasileira.
Gritos que são feridas seculares, difíceis de cicatrização; trabalho duro e mal pago, o que significa pão roubado; o fardo dos impostos, somando uma das maiores cargas tributárias do planeta, o abandono e precariedade dos serviços públicos; os direitos humanos esquecidos e pisoteados; a falta de uma política imigratória diante dos estrangeiros em situação irregular; o descaso para com o micro, pequeno e médio produtor; a endêmica e vergonhosa corrupção nos corredores obscuros dos três poderes da União.
No Grito dos/as Excluídos/as de 2011, em sua 17ª edição, além do sofrimento dos seres humanos, destacam-se os estertores de um planeta que agoniza. A mãe Terra vem sofrendo ataque sobre ataque e a eles reagindo com catástrofes cada vez mais colossais. Nesse conflito entre um modelo político e econômico que privilegia o lucro e a acumulação do capital, por um lado, e, por outro, uma natureza que é agredida e que se vinga, cresce o número dos desterrados e refugiados ambientais: feridos, mortos, desalojados, desaparecidos. Hoje contam-se aos milhares e milhões os sem terra, sem pátria e sem rumo.
Neste dia 7 de setembro, por todos os estados e em centenas de cidades como Goiânia, Cuiabá, Teresina, Criciuma, Senhor do Bonfim, Dourados, Montes Claros, Brasília, Manaus, Fortaleza, São Paulo, dentre tantas outras, as manifestações do Grito se multiplicaram. São romarias, caminhadas, celebrações especiais, atos públicos, desfiles paralelos, gestos simbólicos, teatros, oficinas... Manifestações precedidas de pré-gritos, cursos, reuniões, seminários, concursos... E seguidas de cobranças concretas aos poderes públicos. O objetivo é tornar público e visível os múltiplos gritos que, não poucas vezes, ocorrem no silêncio dos porões sociais, nos grotões mais afastados do país, no interior do próprio ambiente familiar, onde mulheres e crianças são as principais vítimas.
Mas também os gritos provocados pela intolerância racial, étnica, cultural, religiosa, política ou ideológica. Gritos que são filhos diretos do preconceito e da xenofobia, da discriminação e da agressão pura e simples. Atentados à integridade física e moral das minorias, perseguição do outro, diferente, estranho. Na contramão da democracia e da abertura ao pluralismo, grupos de inspiração neonazista ou neofacista continuam aterrorizando pobres, negros, mulheres prostituídas, nordestinos, homossexuais, estrangeiros...
O Grito dos/as Excluídos/as, em nome da multidão dos sem vez e sem voz, levanta nas asas do vento os inúmeros gritos da Terra que se vê impedida de ser mãe e de seus filhos banidos e expulsos de uma pátria que deveria pertencer a todos. Gritos tanto mais estridentes quanto mais silenciados e silenciosos. A iniciativa, promovida pela Comissão Episcopal da Caridade Justiça e Paz da CNBB, e apoiada por várias entidades, movimentos, organizações não governamentais e instituições, mobiliza milhões de pessoas em todo o território nacional, tendo uma das manifestações mais significativa no Santuário de N. Sra. Aparecida. Ali, juntamente com a Romaria dos Trabalhadores, organizada pela Pastoral Operária e Serviço Pastoral do Migrante, repete-se todo ano uma caminhada, seguida de ato público e de celebração eucarística no interior da Basílica.
Os participantes do Grito são cidadãos e cidadãs que não se contenta em celebrar um patriotismo passivo a partir das arquibancadas, mas que descem ao gramado para contribuir em jogo aberto, com patriotismo ativo, nos debates sobre os destinos do país. Assim é que suas manifestações rompem com o silêncio da mídia, disputando espaço nos noticiários com as comemorações oficiais. O Grito dos/as Excluídos/as constitui uma simbiose de denúncia e anúncio, luta e festa. Luta e denúncia contra todas as formas de exploração e exclusão social, festa e anúncio de mudanças que conduzam ao sonho da utopia do Reino de Deus e a construção de um novo modelo de sociedade, onde a dignidade da vida esteja em 1º lugar.
Pe. Alfredo Gonçalves e Secretaria Nacional do Grito dos/as Excluídos/as
07 de Setembro de 2011
Gritos que são feridas seculares, difíceis de cicatrização; trabalho duro e mal pago, o que significa pão roubado; o fardo dos impostos, somando uma das maiores cargas tributárias do planeta, o abandono e precariedade dos serviços públicos; os direitos humanos esquecidos e pisoteados; a falta de uma política imigratória diante dos estrangeiros em situação irregular; o descaso para com o micro, pequeno e médio produtor; a endêmica e vergonhosa corrupção nos corredores obscuros dos três poderes da União.
No Grito dos/as Excluídos/as de 2011, em sua 17ª edição, além do sofrimento dos seres humanos, destacam-se os estertores de um planeta que agoniza. A mãe Terra vem sofrendo ataque sobre ataque e a eles reagindo com catástrofes cada vez mais colossais. Nesse conflito entre um modelo político e econômico que privilegia o lucro e a acumulação do capital, por um lado, e, por outro, uma natureza que é agredida e que se vinga, cresce o número dos desterrados e refugiados ambientais: feridos, mortos, desalojados, desaparecidos. Hoje contam-se aos milhares e milhões os sem terra, sem pátria e sem rumo.
Neste dia 7 de setembro, por todos os estados e em centenas de cidades como Goiânia, Cuiabá, Teresina, Criciuma, Senhor do Bonfim, Dourados, Montes Claros, Brasília, Manaus, Fortaleza, São Paulo, dentre tantas outras, as manifestações do Grito se multiplicaram. São romarias, caminhadas, celebrações especiais, atos públicos, desfiles paralelos, gestos simbólicos, teatros, oficinas... Manifestações precedidas de pré-gritos, cursos, reuniões, seminários, concursos... E seguidas de cobranças concretas aos poderes públicos. O objetivo é tornar público e visível os múltiplos gritos que, não poucas vezes, ocorrem no silêncio dos porões sociais, nos grotões mais afastados do país, no interior do próprio ambiente familiar, onde mulheres e crianças são as principais vítimas.
Mas também os gritos provocados pela intolerância racial, étnica, cultural, religiosa, política ou ideológica. Gritos que são filhos diretos do preconceito e da xenofobia, da discriminação e da agressão pura e simples. Atentados à integridade física e moral das minorias, perseguição do outro, diferente, estranho. Na contramão da democracia e da abertura ao pluralismo, grupos de inspiração neonazista ou neofacista continuam aterrorizando pobres, negros, mulheres prostituídas, nordestinos, homossexuais, estrangeiros...
O Grito dos/as Excluídos/as, em nome da multidão dos sem vez e sem voz, levanta nas asas do vento os inúmeros gritos da Terra que se vê impedida de ser mãe e de seus filhos banidos e expulsos de uma pátria que deveria pertencer a todos. Gritos tanto mais estridentes quanto mais silenciados e silenciosos. A iniciativa, promovida pela Comissão Episcopal da Caridade Justiça e Paz da CNBB, e apoiada por várias entidades, movimentos, organizações não governamentais e instituições, mobiliza milhões de pessoas em todo o território nacional, tendo uma das manifestações mais significativa no Santuário de N. Sra. Aparecida. Ali, juntamente com a Romaria dos Trabalhadores, organizada pela Pastoral Operária e Serviço Pastoral do Migrante, repete-se todo ano uma caminhada, seguida de ato público e de celebração eucarística no interior da Basílica.
Os participantes do Grito são cidadãos e cidadãs que não se contenta em celebrar um patriotismo passivo a partir das arquibancadas, mas que descem ao gramado para contribuir em jogo aberto, com patriotismo ativo, nos debates sobre os destinos do país. Assim é que suas manifestações rompem com o silêncio da mídia, disputando espaço nos noticiários com as comemorações oficiais. O Grito dos/as Excluídos/as constitui uma simbiose de denúncia e anúncio, luta e festa. Luta e denúncia contra todas as formas de exploração e exclusão social, festa e anúncio de mudanças que conduzam ao sonho da utopia do Reino de Deus e a construção de um novo modelo de sociedade, onde a dignidade da vida esteja em 1º lugar.
Pe. Alfredo Gonçalves e Secretaria Nacional do Grito dos/as Excluídos/as
07 de Setembro de 2011
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