Por Moacir Beggo

São Paulo - O Serviço de Justiça, Paz e Integridade da Criação reuniu, no escritório central do Sefras, no Pari (SP), onze animadores regionais da Província para o primeiro encontro deste governo provincial.

A reunião, em andamento, contou ontem com a presença do Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemel, e foi convocada pelo coordenador deste serviço, Frei José Francisco de Cássia dos Santos, que também é responsável pela animação de outro serviço na Província: o Sefras, Serviço Franciscano de Solidariedade. Participam do encontro Frei Jhônatha Gerber, Frei Roberto Carlos Nunes, Frei Luiz Toigo, Frei José Luiz Alves, Frei Miguel da Cruz, Frei Orlando Bernardi, Frei Wilson Simão, Frei José Alamiro Silva, Frei Fabiano Kessin e Gunther Max Walzer. Os frades tiveram oportunidade de conhecer o novo espaço do Sefras e da Central de Doações.

Durante os dois dias (26 e 27), os frades partilharam experiências e definiram as linhas de ação para este serviço na Província. Além de textos da Ordem Franciscana, que foram enviados antecipadamente, da Carta do Ministro Geral, Frei José Rodríguez Carballo, "Salvemos o homem, salvemos a criação", do documentário "A globalização vista do lado de cá", de Milton Santos, o Ministro Provincial fez a motivação inicial, situando a dimensão da JPIC na Ordem e na Província.

"Creio que este serviço da Justiça, Paz e Integridade da Criação deve se incorporar em todo o nosso Plano de Evangelização e, mais do que isso, ser uma dimensão transversal de toda a ação evangelizadora. Deve estar presente para todos nós. Foi uma sugestão que apareceu na Comissão Preparatória, no ano passado, e foi amadurecendo até se aproximar do Sefras, que é uma expressão tão bonita da justiça, da paz e da integridade da criação", disse Frei Fidêncio.

Ele tomou como referência o documento "Portadores do Dom do Evangelho", sobre o projeto fraterno de vida e missão: "É necessária também a sensibilidade social para que o contato com a realidade, lida com as ferramentas críticas da ciência sociais e discernida com os olhos da fé, nos sugira o projeto que Deus nos pede. Não podemos viver de costas para os acontecimentos do mundo, especialmente nestes tempos, nos quais a cultura pós-moderna, com a sua gama de oportunidades, mas também de incertezas, desencanto e ceticismo nos apresenta tantos desafios. Seremos consequentes com essa opção? Não se pode elaborar, portanto, um projeto fraterno de vida e missão evangelizadora sem uma consciência social”. Aqui, temos um elemento muito importante. Evangelizamos quem e a quem?"

Segundo o Ministro Provincial, a Ordem pede abertura a isso, como no texto de número 30: "A espiritualidade que alimenta a nossa vida e missão evangelizadora nunca é alheia à vida de nossos povos e ao que a afeta. A chamada justiça ambiental, a não-violência ativa, os refugiados, os imigrantes, os sem-terra, as minorias étnicas, o uso ético e solidário dos recursos financeiros ou epidemia do HIV-Aids são realidades, entre outras tantas, que precisam ser levadas para oração e discernidas em nossa prática cotidiana da leitura Orante da Palavra de Deus. Os valores da paz, da justiça e da integridade da criação, que são valores enraizados no Evangelho, devem fazer-se naturalmente presentes em nossa vida de oração e devoção e, da mesma maneira, na vida cotidiana e no exercício dos nossos ministérios".

Frei Fidêncio indica o caminho e o trabalho a se desenvolver: "Acho que é um grupo que vai pensar junto, iluminar, talvez, o Secretariado da Evangelização, para que todos os frades da Província tenham exatamente essa clareza".

Segundo o Provincial, é preciso abandonar até um certo preconceito de que esse trabalho diz respeito apenas a uma pequena equipe. "É tarefa de toda a nossa evangelização", enfatizou, lembrando que fazem parte das decisões capitulares.

"Além de nos voltarmos para fora, nós temos um trabalho a fazer internamente. Creio que devemos tomar maior consciência do que nós poderíamos fazer, em primeiro lugar, dentro das nossas próprias fraternidades, no sentido de encarnarmos um pouco melhor na nossa vida espiritual e na vida de nossas fraternidades aquilo que pregamos ser justiça, paz e integridade da criação. Precisamos tocar o coração de cada frade, uma vez que somos co-responsáveis desta dimensão do nosso carisma", assinalou, lembrando que, moralmente, o mundo cobra do franciscano o papel de vanguarda quando se trata desta dimensão. "O mundo nos provoca como frades menores dentro da visão de São Francisco de Assis".

Frei Fidêncio finalizou citando o texto “Portadores do Evangelho”: “Somos chamados a construir pontes de diálogo, de encontro, de reconciliação e de paz; a ser mensageiros da cultura da vida em todas as etapas de seu desenvolvimento; a ser, enfim, guardiães da esperança”.


Fonte: www.franciscanos.org.br