CNBB E OAB APRESENTAM MANIFESTO EM DEFESA DA DEMOCRACIA
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) lançaram no dia 25, o
Manifesto em Defesa da Democracia. O Manifesto é uma iniciativa da Rede de instituições que
compõem a Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, para a
mobilização em torno do Projeto de Lei de Iniciativa Popular e da defesa do
Projeto de Lei (PL) 6316/2013, em tramitação na Câmara dos Deputados.
A leitura do Manifesto foi realizada pelo presidente da
CNBB, cardeal Raymundo Damasceno Assis.
“Ao lançar este manifesto, fazemos votos de que o Congresso Nacional,
enquanto representante da vontade do povo brasileiro, possa levar a bom termo a
esperada reforma política, para o bem do nosso país”, disse dom Damasceno.
Confira a íntegra do texto:
MANIFESTO EM DEFESA DA DEMOCRACIA
Considerando as graves dificuldades político-sociais que
afligem atualmente o País, a Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil – CNBB – e a Ordem dos Advogados
do Brasil – OAB – se veem no dever de vir a público expressar – a exemplo do que já fizeram em ocasiões
semelhantes anteriores – a convicção de que acima das divergências políticas,
naturais numa República, estão a ordem constitucional e a normalidade
democrática.
Aos três Poderes da República cabe relacionarem-se entre si,
de maneira independente, porém harmônica e cooperativa, não se admitindo que
dissensões menores ou interesses
particulares – de indivíduos ou de grupos - possam comprometer o
exercício das atribuições constitucionais que a cada um deles compete exercer.
Submetidos que são tais Poderes ao primordial princípio
democrático pelo qual “todo poder emana do povo e em seu favor deve ser exercido”,
cumpre-nos lembrar que as decisões deles emanadas somente se legitimam se
estiverem adequadas a esse princípio maior.
A inquestionável crise por que passam, no Brasil, as
instituições da Democracia Representativa, especialmente o processo eleitoral,
decorrente este de persistentes vícios e distorções, tem produzido efeitos
gravemente danosos ao próprio sistema representativo, à legitimidade dos
pleitos e à credibilidade dos mandatários eleitos para exercer a soberania
popular.
Urge, portanto, para restaurar o prestígio de tais
instituições, que se proceda, entre outras inadiáveis mudanças, à proibição de
financiamento empresarial nos certames eleitorais, causa dos principais e reincidentes escândalos que
têm abalado a Nação, afastando-se, assim, a censurável influência do poder
econômico do resultado das eleições, o que constitui uma prática
inconstitucional, conforme os votos já proferidos pela maioria dos
Excelentíssimos Senhores Ministros integrantes do Supremo Tribunal Federal, no
julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4650), ora em andamento naquela egrégia Corte.
Em vista do exposto, as entidades abaixo firmadas entendem
inadiável a aprovação nas Casas do Congresso Nacional de uma Reforma Política
Democrática que estabeleça normas e procedimentos capazes de assegurar, de
forma efetiva e sem influências indevidas, a liberdade das decisões do eleitor.
Com este Manifesto, a CNBB e a OAB, unidas a inumeráveis
organizações e movimentos sociais integrantes da sociedade civil, conclamam o
povo brasileiro a acompanhar ativamente a tramitação, no Congresso Nacional,
das proposições que tratam da Reforma Política e a manter-se vigilante e atento
aos acontecimentos políticos atuais para que não ocorra nenhum retrocesso em
nossa Democracia, tão arduamente conquistada.
Para tanto, é necessário que todos os cidadãos colaborem no
esforço comum de enfrentar os desafios, que só pode obter resultados válidos se
forem respeitados os cânones constitucionais, sem que a Nação corra o risco de
interromper a normalidade da vida democrática.
Por fim, reivindicam as entidades subscritoras que, cada vez
mais, seja admitida e estimulada a participação popular nas decisões que dizem
respeito à construção do futuro da Pátria, obra comum que não pode dispensar a
cooperação de cada cidadão, de cada organização, dando-se, assim, plena
eficácia ao conteúdo do artigo 14 da Constituição da República.
Fonte: CNBB
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