JUFRA DO BRASIL PARTICIPA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA SOBRE OS IMPACTOS SOCIAIS DA MINERAÇÃO
O Secretário Nacional de DHJUPIC, Igor Bastos, se reuniu
em Brasília nesta terça-feira, 02 de setembro, com Entidades nacionais e
parlamentares para debater os desafios acerca do Marco Regulatório da Mineração.
O setor, que responde por 20% das exportações brasileiras, emprega cerca de 1
milhão de trabalhadores em todas as regiões do Brasil.
Abaixo, a notícia da Comissão de Diretos Humanos e
Minorias:
Luis Guimarães e Lúcio Pimenta, representantes de
comunidades mineiras atingidas pela atividade empresarial de extração de
minérios, denunciaram a conduta “predatória" e 'truculenta” das empresas
sobre antigos moradores locais. “As negociações se dão conforme a capacidade
econômica do morador”, disse Luis Guimarães.
O frei Rodrigo Peret disse aguardar que a proposta do novo
Código da Mineração contemple normas e diretrizes que imponham respeito à
integridade dos povos, culturas tradicionais e ao meio ambiente. O religioso
afirmou que as empresas mineradoras agem com “perversidade” sobre os povos e à
natureza. “Vão fazendo com que os homens se tornem estranhos à própria terra.”
Frei Peret informou que a Igreja Católica trabalha para disseminar junto às
pastorais a realidade que vem sendo praticada pelas mineradoras junto às
populações. “É preciso que o povo brasileiro tome consciência dessa realidade
predadora”, afirmou.
O ambientalista Gustavo Gazinnelli apresentou críticas ao
novo “Código de Mineração” proposto em Substitutivo. Para ele, é absurdo
nivelar a atividade de exploração mineral como se tivesse perfil “único” no
território nacional Ele propõe o controle social e a absoluta transparência
sobre a Agência Nacional de Mineração a ser criada. Gustavo propõe ainda que a
atividade mineradora sofra redutores em ambientes já longamente explorados.
Outra denúncia ambiental apresentada na audiência pública é
referente à enorme quantidade de água empregada pelos chamados “minerodutos”
para o transporte dos minérios, em uma época em que há uma forte crise de
gerenciamento hídrico na região Sudeste do país.
Saúde e segurança do trabalho:
Pela manhã, foram discutidas condições de saúde e segurança
do trabalho na mineração brasileira. Pesquisa inédita foi apresentada pelo
Fundacentro, reunindo dados dos ministérios da Saúde, do Trabalho e Emprego e
da Previdência Social.
O pesquisador Celso Salim, da Fundacentro, explicou que a
pesquisa envolveu 34 municípios de Minas Gerais, na região conhecida como
"Quadrilátero Ferrífero". Para ele, se trata de uma primeira
iniciativa dentro de um setor ainda sem estatísticas de saúde e segurança do
trabalhador. Paula Werneck, também pesquisadora da fundação, destacou as perdas
de audição diagnosticadas, além dos traumas verificados em mãos e pés. O alto índice de redução auditiva além de
provocar problemas de socialização para o trabalhador, não lhe garante a
aposentadoria, informou a pesquisadora.
Celso Salim apresentou ainda valores do prejuízo econômico
das doenças na atividade mineradora, estimado em R$ 71 bilhões. Já os prejuízos
sociais são o desamparo, a dependência e a exclusão social. Para o pesquisador,
“a atividade mineradora brasileira ignora os direitos sociais.” O pesquisador
citou ainda os números da mortalidade de trabalhadores em mineração, superiores
em mais de três vezes à média nacional.
A médica Andreia Silveira, da Universidade Federal de Minas
Gerais, afirmou que a pesquisa é importante porque localiza o problema. Para
ela, a pesquisa é um primeiro passo no sentido de traçar uma política pública
para a saúde e a segurança do trabalho do minerador. A engenheira de segurança Marta Freitas, da
Confederação nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI), disse que a
pesquisa permite traçar "um perfil do adoecimento". Ela destacou
ainda que a compatibilização dos dados de diversos ministérios evidenciou que
há grande subnotificação do número de acidentes e doenças à autoridade
previdenciária, em prejuízo dos trabalhadores.
Para o militante José carlos do Vale, que informou ter
deixado a luta sindical no setor, predominam as
relações de informalidade no trabalho de mineração, beirando o patamar
dos 70%. Para ele, a subnotificação previdenciária constitui-se em sonegação
fiscal. Com o que cclassifica como “judicialização” das ações previdenciárias,
“é a sociedade quem paga, o que deveria estar sendo pago pelo empresário”,
afirmou.
Para o deputado Amauri Teixeira, do PT baiano, três desafios
estão colocados ao país diante de uma atividade empresarial de mineração
bastante agressiva: a identificação de situações de risco e a preservação da
saúde do trabalhador, a preservação do meio ambiente, e a geração de riquezas e
manutenção de atividade produtiva diversa na região onde a mineração predomina
como atividade econômica.
O diretor presidente da empresa mineradora Vale, Murilo
Ferreira, foi convidado e sua empresa informou que ele não poderia comparecer.
A audiência pública foi presidida pelo deputado Nilmário Miranda (PT-MG).
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