Um olhar Franciscano: 50 anos do Golpe Militar
"Quando alimentei os pobres
chamaram-me santo, mas quando perguntei por que há gente pobre chamaram-me
COMUNISTA"
Dom Helder Câmara
O Golpe
Militar de 1964 foi uma ocupação violenta de todos os aparelhos de Estado, regida
por atos institucionais, pela tirania, pela violação dos direitos humanos, pela
repressão e pela violência.
O então
Presidente da República João Goulart defendia reformas de base para modificar
as estruturas sociais e econômicas do país.
"Não apenas pela reforma agrária, mas pela reforma tributária, pela
reforma eleitoral ampla, pelo voto do analfabeto, pela elegibilidade de todos
os brasileiros, pela pureza da vida democrática, pela justiça social e pelo
progresso do Brasil".
Em
consequência, a opção pelos mais pobres e a luta por uma estrutura econômica
mais justa gerou a manipulação da ideia da conspiração Comunista contra a
pátria. O fortalecimento das organizações populares, como os sindicatos, levou
à acusação de que se queria implantar uma “República Sindicalista”. Num mundo
bipolar, em plena guerra fria, entre os Estados Unidos e a União Soviética, os
militares, as elites brasileiras e a mídia se organizaram e difundiram que as
reformas pretendidas pelo governo de João Goulart eram comunistas. Iniciou-se
um processo de denuncismo e difundiram a idéia de que o país seria submisso à
União Soviética e que os valores cristãos seriam destruídos. Na verdade tinham
medo de perder seus privilégios.
Nessa
época, muitos jovens católicos estavam em movimentos ligados à Ação Católica,
como a Juventude Universitária Católica (JUC), a Juventude Operária Católica
(JOC) e a Juventude Estudantil Católica (JEC). Um importante movimento, que foi
tomando consciência dos problemas brasileiros era a Ação Popular que nasceu
dentro da JUC anos de 1959/60. Após o golpe militar esses movimentos foram
enxergados como laboratórios de idéias comunistas, e os seus participantes
foram duramente perseguidos pelo regime militar.
Por mais de
20 anos prevaleceu o medo e o martírio imposto a população brasileira. Jovens
estudantes, operários, padres, frades, irmãs e todos os que se opuseram ao
regime militar estavam sujeitos as barbáries executadas pelos militares.
Recentemente,
documentos revelados pela Comissão Nacional da Verdade evidenciaram que a JUFRA
foi objeto de investigação na época da Ditadura Militar. O prontuário de Nº
002800, de 30 de maio de 1974, com o título de “Juventude Franciscana – JUFRA”
alegava que “é interessante que as
atividades da organização passem a ser acompanhadas, pois dada a sua estrutura
e poder de envolvimento psicológico do jovem, pode tornar-se perigoso
instrumento de atividades subversivas no futuro, como ocorreu com várias
organizações, entre as quais a AP (Ação Popular), que inicialmente tinham
finalidades salutares, mas que depois tornaram-se facções de cunho
esquerdista”.
Passaram-se
50 anos, mas ainda continua denuncismo moralista a serviço do enfraquecimento
do Estado, os interesses do capital internacional, as elites com sua
resistência às políticas sociais e aos direitos do povo, e uma mídia golpista. A
memória é fundamental e junto com ela o julgamento dos crimes da ditadura, para
que nunca mais se repitam.
Para conferir os documentos de
investigação da Jufra clique aqui:
Fraternalmente,
Igor Bastos
Subsecretário Nacional de Direitos Humanos, Justiça, Paz e Integridade
da Criação
Juventude Franciscana do Brasil
Email: igorguilherme.bastos@hotmail.com
www.dhjupic.blogspot.com
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