Mensagem do Assessor da Pastoral Afro-brasileira da CNBB para a Semana da Consciência Negra
Nesta semana diversas entidades da sociedade civil, especialmente as ligadas ao movimento negro, estão realizando eventos para assinalar o dia da consciência negra celebrado na dada de 20 de novembro. Estes eventos têm uma orientação comemorativa, mas também estão voltados a afirmação da consciência política, da pertença étnico racial e da reivindicação dos direitos da população afro-brasileira.
O dia da consciência negra é fruto do processo de amadurecimento do movimento negro que questionou o acento histórico dado ao dia 13 de maio, data que lembra a assinatura da Lei Áurea.
Compreende-se que a assinatura da Lei Áurea não trouxe a verdadeira libertação. Apesar da legalidade da alforria viu-se a construção de outras formas de opressão e negação do direito à cidadania aos negros. Os mecanismos de exclusão continuaram assumindo facetas diferenciadas. Não foi permitido o acesso dos negros à educação, emprego renumerado, moradia digna e outras de beneficio à população em geral que já existiam no século XIX. Então a memória da “Abolição da Escravatura” passou a ser cultivada como algo alvissareiro muito mais pelo Estado do que pela população negra.
A insistência em celebrar a memória de Zumbi dos Palmares no dia 20 de Novembro foi a resposta dada pelos negros organizados na perspectiva de lembrar que a abolição foi um processo inconcluso e que só seria plenamente completa pela pressão do movimento negro. Então a luta de Zumbi foi tomada com sinal de resistência e que deveria permear as ações do movimento negro em suas diferentes esferas de organização.
A conclusão da obra abolicionista passa pela inclusão plena da população afro-brasileira em todos os espaços de cidadania da nação brasileira. Isto ainda não acontece na sua totalidade devido à discriminação e ao preconceito racial, pecado das pessoas e das instituições cuja face mais perniciosa está refletida na realidade de pobreza e exclusão de boa parte dos afro-brasileiros.
As diversas iniciativas pastorais dos negros católicos somam-se a este grande movimento propositivo do movimento negro. A experiência de fé faz compreender que o dia vinte de novembro é um dia de celebração da história e da cultura dos negros, compreendida como fator de enriquecimento para a Igreja (Cf. Dap 56). Leva a reafirmar o compromisso de continuar o engajamento para que todas as formas de preconceito, discriminação e exclusão sejam superadas, pois a construção do Reino de Deus passa pela concretude da luta por uma vida digna para todos.
É importante compreender o dia da consciência negra como um dia de celebração comprometida com um processo rico e valioso que cada agente de pastoral poderá fortalecer ainda mais.
Então a Celebração da missa afro, que é em primeiro lugar a celebração do mistério Daquele que deu a vida pela nossa salvação, compreenderá também o necessário protagonismo nas diferentes ações que buscam a inclusão da população negra em uma vida cidadã. Para nós cristãos uma vida digna e feliz.
Pe. Ari Antônio dos Reis
Assessor da Pastoral Afro-brasileira-CNBB
O dia da consciência negra é fruto do processo de amadurecimento do movimento negro que questionou o acento histórico dado ao dia 13 de maio, data que lembra a assinatura da Lei Áurea.
Compreende-se que a assinatura da Lei Áurea não trouxe a verdadeira libertação. Apesar da legalidade da alforria viu-se a construção de outras formas de opressão e negação do direito à cidadania aos negros. Os mecanismos de exclusão continuaram assumindo facetas diferenciadas. Não foi permitido o acesso dos negros à educação, emprego renumerado, moradia digna e outras de beneficio à população em geral que já existiam no século XIX. Então a memória da “Abolição da Escravatura” passou a ser cultivada como algo alvissareiro muito mais pelo Estado do que pela população negra.
A insistência em celebrar a memória de Zumbi dos Palmares no dia 20 de Novembro foi a resposta dada pelos negros organizados na perspectiva de lembrar que a abolição foi um processo inconcluso e que só seria plenamente completa pela pressão do movimento negro. Então a luta de Zumbi foi tomada com sinal de resistência e que deveria permear as ações do movimento negro em suas diferentes esferas de organização.
A conclusão da obra abolicionista passa pela inclusão plena da população afro-brasileira em todos os espaços de cidadania da nação brasileira. Isto ainda não acontece na sua totalidade devido à discriminação e ao preconceito racial, pecado das pessoas e das instituições cuja face mais perniciosa está refletida na realidade de pobreza e exclusão de boa parte dos afro-brasileiros.
As diversas iniciativas pastorais dos negros católicos somam-se a este grande movimento propositivo do movimento negro. A experiência de fé faz compreender que o dia vinte de novembro é um dia de celebração da história e da cultura dos negros, compreendida como fator de enriquecimento para a Igreja (Cf. Dap 56). Leva a reafirmar o compromisso de continuar o engajamento para que todas as formas de preconceito, discriminação e exclusão sejam superadas, pois a construção do Reino de Deus passa pela concretude da luta por uma vida digna para todos.
É importante compreender o dia da consciência negra como um dia de celebração comprometida com um processo rico e valioso que cada agente de pastoral poderá fortalecer ainda mais.
Então a Celebração da missa afro, que é em primeiro lugar a celebração do mistério Daquele que deu a vida pela nossa salvação, compreenderá também o necessário protagonismo nas diferentes ações que buscam a inclusão da população negra em uma vida cidadã. Para nós cristãos uma vida digna e feliz.
Pe. Ari Antônio dos Reis
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