Grandes questões sociais fazem parte do Encontro de Pastorais, Organismos e Regionais da CNBB
No Centro Cultural de Brasília (CCB), acontece desde ontem, 14, o Encontro Nacional das Pastorais, Organismos e Regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Na manhã de hoje, 15, foram abordados temas como a Assembleia Popular; Preparação do Plebiscito do Limite da Propriedade; o Grito dos Excluídos, Ficha Limpa e Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Dívida.A auditora que trabalha na CPI da Dívida, Maria Luiza Fattorelli, falou aos mais de 80 participantes do avanço da dívida, tanto interna quanto externa e da relação da Igreja no processo de propagação da informação correta à sociedade. “As Igrejas vem dando apoio importante desde o Plebiscito da Dívida Externa, que aconteceu no ano 2000. Neste ano, em destaque, a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2010 aborda justamente o tema do endividamento e é de extrema importância, pois os meios de comunicação distorcem a informação que está chegando da realidade da Dívida do Brasil. Todos acham que está tudo certo, mas não está”.
Ainda segundo Maria Luiza, o Brasil vem pagando juros sobre juros da dívida. “Estamos aumentando a dívida interna e destinando a maior parte do orçamento para pagar aos juros. Aproximadamente 2/3 da população nacional é formada por pobres, e boa parte de miseráveis. Como que o Brasil se dá ao luxo de destinar 36% dos recursos do orçamento da União para pagar os maiores juros do mundo sobre uma dívida que não tem a menor contrapartida para a sociedade, diante das carências sociais. Isso sim eu chamo de violência social”, ressaltou.
Paulo Maldos, um dos palestrantes falou sobre a Assembleia Popular e as Pastorais Sociais neste processo. Já Ari Alberti ressaltou a história e participação popular maciça no Grito dos Excluídos, e Gilberto Pontes falou brevemente sobre o Plebiscito do Limite da Propriedade, que será realizado na Semana da Pátria, de 1º a 7 de setembro.
Para o presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e bispo de São José dos Pinhais (PR), dom Ladislau Biernaski, o Encontro Nacional é rico em troca de experiências e na colocação das diferentes realidades brasileiras. “A explanação de diferentes participantes de várias partes do Brasil, destacando assuntos relevantes e distintos pontos de vista fazem com que nós enxerguemos melhor as carências do povo e da sociedade nacional, e muitas vezes uma é uma realidade nua e crua”.
Segundo Elena Casagrande, participante da Pastoral Social do Regional Sul 4 da CNBB (Santa Catarina), este evento é importante porque está trazendo informações importantes no que ocorre em outras partes do país e aponta a direção que a Igreja está tomando. “Com essas informações, levaremos aos Regionais e difundiremos em todas as paróquias e instituições religiosas da nossa região”.
Segundo a organização do evento, há uma possibilidade dos participantes votarem pela formação da 5ª Semana Social Brasileira, evento social que é marcado pelo debate e reivindicação pública a cerca de grandes temas emergentes da sociedade atual.
A Comissão Brasileira Justiça e Paz, organismo vinculado à CNBB, foi representado por seu secretário executivo, Daniel Seidel. Segundo Daniel, somente depois de apresentadas as 1,6 milhão de assinaturas para a apresentação do Projeto Ficha Limpa, é que a mídia sinalizou seu apoio ao projeto. “Diziam que era mais fácil uma vaca voar do que esse projeto ser aprovado. Eu digo, a vaca voou!”, afirmou Daniel, que completou: “1,6 milhão de assinaturas e mais de 2 milhões de apoios pela internet, não é qualquer um que consegue. Isso tudo foi graças a participação da Igreja e principalmente da CNBB. Mostramos aos parlamentares a força da Igreja na mobilização social. O Ficha Limpa foi aprovado, e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirmou categoricamente que a lei será aplicada no próximo pleito eleitoral, pois a lei foi sancionada antes das convenções partidárias”.
O Encontro Nacional das Pastorais Sociais, organismos e Regionais da CNBB se encerra amanhã, 16. E na próxima sexta-feira, 17, haverá, no próprio CCB, o Seminário Nacional sobre Direitos Sociais: avanços e perspectivas, promovido pelas Pastorais Sociais da CNBB; pelo Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (CEBES); Centro de Estudos Sindicais do Trabalho (CESIT UNICAMP); Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (ANFIP); Programa de Justiça Econômica; Grito dos Excluídos Continental; Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP); Rede Jubileu Sul Brasil, IBRADES e Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC).
Fonte: www.cnbb.org.br



0 Comentários