Teologia da Criação: Outro Olhar, Novas Relações
Frei Sinivaldo S. Tavares
Editora Vozes
Os dados recentes acerca do atual estado do planeta são alarmantes. Eles nos interpelam a tomar em séria consideração o que se convencionou chamar de "crise ecológica". Não se trata apenas de uma crise ambiental ao lado de outras tantas crises que estão assolando nossa época. Trata-sede uma crise sistêmica; vale dizer, uma crise do paradigma hegemônico da civilização ocidental.
A gravidade dessa crise faz com que as questões por ela postas irrompam no cenário teológico contemporâneo, impondo-se como os mais relevantes e urgentes apontamentos da agenda teológica nesse princípio de século. Nossa intenção é elaborar uma teologia da criação que, acolhendo com responsabilidade os desafios oriundos da "crise ecológica", construa-se ao modo de uma tela, onde os fios se entrelacem ao redor de dois nós recíprocos e complementares: a evangélica opção pelos pobres e a dimensão intrinsicamente escatológica da fé cristã.
São esses dois nós que, no fundo, darão consistência ao discurso aqui apresentado de forma a constituir uma bem tecida e intrincada trama.
A gravidade e urgência das questões atinentes ao discurso acerca da criação exigem que todo discurso teológico responsável e que, portanto, não se deixa tragar pela indiferença e pelo cinismo, construa-se a partir da condição dos pobres e numa perspectiva esperançosa e utópica. Daí a necessidade de, ao articular o grito da Terra com o grito do pobre, potencializá-los ao máximo, ressignificando-os no bojo da utopia e escatologia cristãs.
Um discurso acerca da tutela da vida no planeta que não incorpore as questões da pobreza e da fome, da injustiça social e das contradições do capitalismo neoliberal peca por ingenuidade e conivência. De igual forma, um discurso acerca da criação que não considere, de maneira esperançosa, a pergunta pela sua destinação última e pelo seu inerente sentido, acabará sucumbindo a um pessimismo trágico.
Por esta razão, quanto mais o discurso acerca da criação afundar suas raízes no terreno sofrido dos pobres e das vítimas, mais ele se fará sensível às dimensões da esperança e da utopia, e quanto mais se deixar perpassar pela esperança escatológica, mais conseguirá se sensibilizar face às demandas vitais das populações pobres e marginalizadas do planeta.
Fonte: www.franciscanos.org.br
Editora Vozes
Os dados recentes acerca do atual estado do planeta são alarmantes. Eles nos interpelam a tomar em séria consideração o que se convencionou chamar de "crise ecológica". Não se trata apenas de uma crise ambiental ao lado de outras tantas crises que estão assolando nossa época. Trata-sede uma crise sistêmica; vale dizer, uma crise do paradigma hegemônico da civilização ocidental.
A gravidade dessa crise faz com que as questões por ela postas irrompam no cenário teológico contemporâneo, impondo-se como os mais relevantes e urgentes apontamentos da agenda teológica nesse princípio de século. Nossa intenção é elaborar uma teologia da criação que, acolhendo com responsabilidade os desafios oriundos da "crise ecológica", construa-se ao modo de uma tela, onde os fios se entrelacem ao redor de dois nós recíprocos e complementares: a evangélica opção pelos pobres e a dimensão intrinsicamente escatológica da fé cristã.
São esses dois nós que, no fundo, darão consistência ao discurso aqui apresentado de forma a constituir uma bem tecida e intrincada trama.
A gravidade e urgência das questões atinentes ao discurso acerca da criação exigem que todo discurso teológico responsável e que, portanto, não se deixa tragar pela indiferença e pelo cinismo, construa-se a partir da condição dos pobres e numa perspectiva esperançosa e utópica. Daí a necessidade de, ao articular o grito da Terra com o grito do pobre, potencializá-los ao máximo, ressignificando-os no bojo da utopia e escatologia cristãs.
Um discurso acerca da tutela da vida no planeta que não incorpore as questões da pobreza e da fome, da injustiça social e das contradições do capitalismo neoliberal peca por ingenuidade e conivência. De igual forma, um discurso acerca da criação que não considere, de maneira esperançosa, a pergunta pela sua destinação última e pelo seu inerente sentido, acabará sucumbindo a um pessimismo trágico.
Por esta razão, quanto mais o discurso acerca da criação afundar suas raízes no terreno sofrido dos pobres e das vítimas, mais ele se fará sensível às dimensões da esperança e da utopia, e quanto mais se deixar perpassar pela esperança escatológica, mais conseguirá se sensibilizar face às demandas vitais das populações pobres e marginalizadas do planeta.
Fonte: www.franciscanos.org.br
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