Movimentos sociais de Altamira, Vitória do Xingu e Senador José Porfírio (Souzel), no Pará, realizaram domingo (20) a primeira Romaria das Águas em defesa do Rio Xingu e contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. O ato, idealizado pela Igreja Católica em parceria com o Movimento Xingu Vivo Para Sempre e o Movimento Negro da Transamazônica, contou com a participação de cem pessoas, entre ativistas, pescadores e ambientalistas.

Uma romaria fluvial levou os participantes das três cidades – as mais impactadas pela obra – dos portos de Vitória e Souzel até a praia Munhenhê, na área conhecida como Tabuleiro do Embaubal, o maior nascedouro de quelônios da América do Sul. Localizado a jusante do reservatório, o Tabuleiro, arquipélago relativamente bem preservado, é considerado de “importância biológica extremamente alta” pelo Ibama. De acordo com cientistas que pesquisaram a área, a sedimentação do rio provocada pela usina será fatal para as tartarugas.

Para celebrar a vida e denunciar o que potencialmente pode ser destruído caso a barragem seja construída, foram despejadas na beira da água cerca de 1200 filhotes de tartarugas, jabutis e tracajás. A ação foi proposta pela Secretaria do Meio Ambiente de Souzel, através do programa Quelônios Para Sempre, que recebe apoio da WWF Brasil.

Durante a celebração em Munhenhê, discursos da igreja, movimentos e prefeitura colocaram em xeque o modelo de desenvolvimento que prioriza a expansão do latifúndio, do agronegócio e do desenvolvimento destruidor, em detrimento da biodiverside, dos povos tradicionais e da Amazônia. A manifestação aconteceu no dia da Consciência Negra, data também resgatada na Romaria.

Confira abaixo, na íntegra, o discurso da coordenadora do Movimento Xingu Vivo Para Sempre, Antônia Melo, na praia de Munhenhê, em Souzel.



Fonte: www.xinguvivo.org.br