Dia 05 de setembro – Dia da Amazônia

Venho, por meio desta, lembrar todos os confrades e comunidades que no próximo dia 05 de setembro celebramos o “Dia da Amazônia”. Nesta data, como já combinado na última assembleia do SIFEM e a pedido da CFMB, devemos lembrar em nossas comunidades e suas celebrações do fim de semana mais próximo do dia 05 o nosso compromisso com a Amazônia e com toda a sua realidade, sobretudo, neste momento que gestamos novos projetos de presenças naquelas realidades, tanto em nível de CFMB quanto de UCLAF/OFM. Estes projetos precisam tornar-se realidade o quanto antes, pois tempo urge. Então devemos nos empenhar no compromisso e na disponibilidade de orações, irmãos e financeiro.

Por isso, o convite é que além das orações neste fim de semana, cada comunidade se empenhe em fazer ao menos uma coleta no próximo fim de semana que se reverta para o fundo das missões da CFMB na Amazônia que está sendo custodiado na Custódia de São Benedito da Amazônia.

1 – A importância da Amazônia para a Ordem dos Frades Menores
a) Peculiaridades da Amazônia: riqueza natural. "A Amazônia é um dos maiores, diversos, complexos e ricos biomas do mundo. Vista a partir do cosmo, a Amazônia pan-americana ocupa uma área de 7,01 milhões de Km² e corresponde a 5% da superfície da terra, 40% da América do Sul, 59% do Brasil. Contém 20% da disponibilidade mundial de água doce não-congelada e 80% da água disponível no território brasileiro. Abriga 34% das reservas mundiais de florestas e uma gigantesca reserva de minérios. Sua diversidade biológica de ecossistemas, espécies e germoplasma é a mais intensa e rica do planeta: cerca de 30% de todas as espécies de fauna e flora do mundo encontram-se nesta região. O sistema fluvial Amazonas-Solimões-Ucayally representa o mais extenso rio do mundo, com 6.671 Km; a bacia hidrográfica do rio Amazonas é constituída por cerca de 1.100 rios, e o rio Amazonas joga no Oceano Atlântico entre 200 a 220 mil metros cúbicos de água por segundo, o que representa 15,5% de toda água doce que entra diariamente nos oceanos" (CF 2007, 15).

Riqueza humana e cultural: A Amazônia conta com uma população de 23 milhões de habitantes, entre os quais 165 são povos indígenas e 65 povos são não contactados. Além da rica biodiversidade, nela se encontra uma rica diversidade cultural, lingüística e religiosa. Em particular os povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas vivem em harmonia com a natureza e mostram que é possível conviver com a floresta e os rios sem a necessidade de mercantilização e devastação.

b) Os desafios atuais: a Amazônia sofre os efeitos devastadores da lógica da mercantilização de todas as coisas. Ela desafia a recolocar a pessoa humana no “jardim”, a recuperar a sacralidade do cosmo e recriar as relações de reciprocidade e de fraternidade entre todas as criaturas. Os povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas carregam em si as sementes que nos ajudam a adquirir uma nova visão da vida.

A Amazônia é atualmente palco de no mínimo duas vertentes fundamentais de um novo colonialismo: o avanço do agronegócio, das mineradoras, das madeireiras e outros projetos de exploração que implicam numa ampla devastação e destruição das florestas, dos rios e das populações tradicionais; a privatização e apropriação de vastas áreas de florestas em vista do acúmulo de créditos de carbono e dos recursos genéticos, sendo que as populações ali existentes são pagas para conservar, porém lhes é tirada a condição de sujeito social (colonialismo verde). Junto se verifica o progressivo processo de privatização da água doce, uma rápida degradação do ambiente onde se localizam as principais nascentes dos grandes rios da bacia amazônica, a presença de rotas de tráfico de drogas, a invasão dos grupos econômicos com seus grandes projetos de exploração que forçam as populações a migrarem para os grandes centros urbanos, onde caem na miséria, na prostituição, nas drogas, etc.

c) A presença franciscana: os frades menores estão presentes nesta região desde o século XVI. Ao longo deste tempo a presença franciscana se manteve praticamente ininterrupta. A partir dos inícios do século XIX, esta presença se diversificou e ampliou com a vinda dos frades capuchinhos, da TOR e das congregações franciscanas femininas. Esta presença tem a característica de ser pouco numerosa e desarticulada entre si e predominantemente de missionários/as estrangeiros/as. A partir do século XX, a Igreja confiou grandes territórios de missão (Prelazias, Prefeituras e Vicariatos) aos franciscanos em seus diferentes ramos.

d) Lugar de missão franciscana: a Amazônia carrega em seu ventre sementes e paradigmas que significam o futuro do planeta e da humanidade. A sua imensa riqueza natural pode representar um ponto de equilíbrio no conjunto da nossa casa comum. A sua variada riqueza humana, cultural e religiosa pode contribuir para um novo estilo de vida em base à gratuidade, simplicidade, reciprocidade, dignidade, sacralidade, sentido da festa. Esta realidade nos desafia ao diálogo ecumênico, inter-religioso e inter-cultural.

Nós, a partir do carisma franciscano, podemos encontrar neste chão, condições favoráveis para resgatar muito da vitalidade das nossas origens: a visão da sacralidade de toda a criação, as relações de reciprocidade, de fraternidade, de não-apropriação das coisas e da terra, a austeridade, a itinerância e a mobilidade.

Por outro lado, somos desafiados a dar a nossa contribuição no que tange as realidades fundamentais: defesa e promoção da vida; valorização da diversidade cultural e aprendizagem dos processos de inculturação; acolhida da religiosidade popular; compromisso com a integridade da criação; sintonia e comunhão com a Igreja local na busca por encarnação na realidade e por uma evangelização libertadora.

Iluminados pelo Espírito do Senhor, inspirados pelo carisma franciscano e obedientes aos documentos da Igreja (Documento de Aparecida) e da Igreja da Amazônia (Documento “Discípulos Missionários na Amazônia”), sob a proteção de Nossa Senhora da Amazônia e sensibilizados pelos clamores dos povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas, populações das periferias, migrantes e refugiados reafirmamos o nosso compromisso com a missão neste chão.

Quem nos convoca é o próprio Deus Trindade. Nossa resposta de frades menores, à luz dos sinais dos tempos, a serviço do Reino de Deus, é a de sermos fiéis discípulos e missionários de Jesus Cristo e fiéis a S. Francisco e seu/nosso carisma. Também, pedimos à Mãe de Deus que zele por todos os povos da Amazônia. Ela, que é a estrela da evangelização, guie os nossos passos no caminho do Reino: Mãe Nossa, protegei a família brasileira e latino-americana e ajudai-nos a fazer tudo o que o vosso Filho nos disser. Amém!

Frei Fernando Ap. dos Santos, OFM
Coordenador do SIFEM/CFMB


Fonte: www.franciscanos.org.br