Na manhã de 13 de agosto de 2020, em meio à pandemia do COVID-19, aconteceu o despejo dos moradores sem-terra do acampamento Quilombo Campo Grande, na área rural de Campo do Meio (MG). A ação de reintegração de posse começou com um trator destruindo a Escola Eduardo Galeano – a única do acampamento, onde vivem cerca de 450 famílias –, forçando os moradores a salvarem, às pressas, livros, carteiras e quadros-negros da referida instituição de ensino. 


“O acampamento Quilombo Campo Grande foi criado em 1998, quando os trabalhadores da Usina Ariadnópolis, que falira dois anos antes, decidiram ocupar a área, pois afirmam não terem recebido as indenizações trabalhistas e passaram a viver do cultivo da terra. Desde que ocuparam a fazenda, já sofreram vários despejos — e vivem constantemente sob a ameaça de novas reintegrações de posse” (IHU, 2020). 

 

Houve pressão popular para que o governo do estado de Minas Gerais suspendesse a operação policial, que juntou mais de 200 policiais militares, colocando em risco à saúde das pessoas do movimento e de todas as outras envolvidas, haja vista este tempo de pandemia, que já matou mais de 100 mil pessoas no Brasil. 


O Bispo Auxiliar de Belo Horizonte, Dom Vicente Ferreira, se manifestou, indignado, pedindo, na manhã do dia 13/08/2020, a suspensão e a proibição de outros despejos nesse período de pandemia. O vídeo foi veiculado pelo canal no YouTube da Ação Franciscana de Ecologia e Espiritualidade (AFES). 


Frades Menores da Província Santo Antônio do Brasil, que se manifestaram em solidariedade às famílias despejadas, também estão sofrendo ameaças de pessoas extremistas com comportamentos que disseminam ódio pelas redes sociais. As ameaças configuram discurso de ódio e um sério risco à integridade física, moral e psicológica dos religiosos. 


Que possamos seguir unidas (os) e fazer valer aquele trecho da oração atribuída a nosso Pai Seráfico que diz “Onde houver ódio que eu leve o AMOR”. Seguidores de Nosso Senhor Jesus Cristo, nossos santos, Santa Clara e São Francisco de Assis, nos inspiram a viver pela busca da justiça e da paz.

 

A compaixão e a compreensão dessa injusta realidade das famílias atingidas pelos despejos e o combate ao discurso/atitudes de ódio são muito necessários para entender aquilo que vivemos hoje no nosso país. Na vida de Dom Pedro Casaldáliga, plantado no chão às margens do Rio Araguaia dias atrás, também encontramos sinais de esperança e fé, que nos movem em passos de uma corajosa vida permeada de Evangelho Vivo em atenção aos mais empobrecidos e na defesa pelos direitos humanos. 


A JUFRA do Brasil, por meio da Secretaria Nacional de DHJUPIC, presta solidariedade às famílias atingidas com os despejos em meio à pandemia e se solidariza aos frades menores ameaçados. 


Secretaria Nacional de DHJUPIC da JUFRA do Brasil 


Fonte de trechos citados: Em meio à pandemia, sem-terra são despejados e têm escola destruída em MG. “A reportagem é de Daniel Camargo e Ana Magalhães, publicada por Repórter Brasil, 13-08-2020” e republicada pelo IHU Unisinos, em 15/08/2020. Disponível em: IHU Unisinos Acesso em: 17 ago 2020.