ORDEM FRANCISCANA SECULAR NO CUIDADO DA NOSSA CASA COMUM: ANA FLÁVIA QUINTÃO
Hoje, último dia do mês de junho, encerramos as publicações de aniversário da Laudato Si' e do dia da Terra. Durante este mês tivemos a oportunidade de acompanhar diferentes histórias e ações de nossos irmãos e irmãs, da Jufra e da OFS, que se comprometem
na defesa da nossa casa comum. Hoje vamos acompanhar a experiência da Ana Flavia Quintão, da OFS de Belo Horizonte, que se dedica na defesa dos territórios e dos povos impactados pela mineração. Que essas partilhas nos inspirem ainda mais a defender toda a criação, sempre “globalizando a esperança, que nasce dos povos e cresce entre os pobres.”
Meu nome é Ana Flávia, pertenço à OFS da Fraternidade Nossa
Senhora do Rosário de Pompéia, em Belo Horizonte.
Venho atuando no enfrentamento à mineração, no estado de
Minas, desde 2011. Essa luta foi eleita como prioritária para os franciscanos
do mundo todo, durante a Cúpula dos Povos, em 2012. O seu poder de destruição
de recursos naturais e a violenta degradação de modos de vida das comunidades
atingidas são os motivos para a essa resistência
O nome do nosso estado diz da nossa sina minerária,
entretanto, chegamos em uma situação onde a crise hídrica se agrava, e uma das
atividades que mais impacta o abastecimento hídrico das cidades onde ocorre é a
própria mineração. Em Minas Gerais, onde estão os aquíferos, está o minério, e
chegamos no momento de questionar sobre o que é mais importante, água ou
minério.
Essa atividade mantém os mesmos padrões coloniais de
violação de direitos humanos, pois se apropria de territórios tradicionais, com
a benesse dos governos, expulsam comunidades inteiras e afetam milhares de
outras, secando suas nascentes, pelo rebaixamento dos lençóis freáticos, e
envenenamento das águas. Além disso, ameaçam e matam pessoas que resistem aos
seus projetos de destruição, pela contratação de capangas. Poluem o ar com suas
monumentais explosões, lotam estradas inseguras com seus caminhões, ceifam
vidas nos trilhos de seus trens. Quando se estabelece em uma comunidade, a
mineração trás centenas de trabalhadores, sobrecarrega serviços de saúde e
aumenta casos de violência, estupro, prostituição e gravidez na adolescência.
Esses, são pontos comuns em projetos extrativistas predatórios, quase sempre
empreendidos por grandes e milionárias corporações internacionais. A lógica
colonialista segue, mais moderna e infinitamente mais destrutiva.
Entretanto, nossos sistemas naturais dão sinais de exaustão.
Nosso ritmo de “desenvolvimento” não considera os ritmos da natureza, que
agoniza na destruição. Nossas relações e modos de vida se tornam cada vez mais
artificiais e distantes de nossa essência. Um cenário sombrio é diariamente
desenhado pelas mãos humanas.
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Em um contexto de mudanças climáticas, a salvaguarda de
nossos aquíferos e regiões de recarga hídrica (justamente as destruídas pela
mineração) se torna mais que urgente. Entretanto, a ganância das empresas e a
subserviência dos governos coloca a segurança hídrica, e com ela também a
segurança alimentar, sob extremo risco. Não existe economia, empregos,
educação, nada, sem água. Portanto, a luta contra a mineração é uma luta pela
vida.
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