Exploração de gás de xisto no Paraná preocupa ambientalistas
A introdução do método "fracking" no Paraná para
a produção de energia a partir da exploração de reservas de gás que exigem esse
método para sua extração preocupa ambientalistas e técnicos da área de energia.
O “fracking” ou fraturamento hidráulico (também conhecido pelos nomes de gás de
xisto, gás extraído por processo não convencional ou “shale gas”) é considerado
um dos processos de produção de energia mais agressivos ambientalmente e está
proibido em vários países do mundo. Ele consiste de uma fórmula contendo 609
componentes químicos (alguns deles radioativos) que são injetados no subsolo,
sob a pressão de 5 mil atmosferas para fazer o metano se desprender do solo.
Antes da injeção desse coquetel químico são realizadas violentas explosões no
subsolo para quebrar as rochas sedimentares.
A reportagem é de Marco Aurélio Weissheimer,
publicada porCarta Maior, 19-11-2013.
Em um artigo intitulado “Copel ignora riscos ambientais e
socioeconômicos do fracking para gerar energia no Paraná”,Zuleica Nycz e Ivo
Pugnaloni advertem para os graves problemas ambientais e econômicos
que essa atividade pode causar na região. Zuleica Nycz é
diretora da Toxisphera Associação de Saúde Ambiental,
ex-conselheira do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)
e representante do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o
Desenvolvimento Sustentável naComissão Nacional de Segurança
Química, coordenada peloMinistério do Meio Ambiente. Ivo
Pugnaloni é engenheiro eletricista, ex-diretor de Planejamento
e de Distribuição da Companhia Paranaense de Energia (Copel) e
presidente do Grupo Enercons Consultoria em Energias Renováveis.
Pino Solanas denuncia “fracking” na Argentina
Pino Solanas denuncia “fracking” na Argentina
O texto aponta os problemas que estão sendo enfrentados na
província argentina de Neuquén, uma região produtora de maçãs que, em função da
contaminação dos lençóis freáticos, estão proibidas de entrar na Europa. O
mesmo ocorre com produtos de origem animal da região. O cineasta argentino Fernando
Pino Solanas fez um documentário para denunciar as consequências do
“fracking” no interior da Argentina. “La Guerra del fracking” foi
filmado em Neuquén e mostra os efeitos da exploração de petróleo na região por
meio do método do faturamento hidráulico. OPapa Francisco posou para fotógrafos
exibindo uma camiseta da campanha contra o “fracking” durante encontro que
manteve com Pino Solanas este mês. E anunciou que boa parte de
sua próxima encíclica será dedicada a problemas ambientais no planeta.
Zuleica Nycz e Ivo Pugnaloni denunciam que o “fracking”, produção de energia elétrica a partir de depósitos residuais de óleo e gás em poços de curta vida útil, representa “um método devastador para o solo, ar, as aguas superficiais, subterrâneas, que afetará a segurança dos grupos indígenas e das unidades de conservação, ameaçando igualmente e de forma devastadora toda a economia baseada nas atividades agroindustriais no Estado do Paraná”. No dia 28 de novembro, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) realizará um leilão no Rio de Janeiro envolvendo áreas de 169 mil quilômetros quadrados no Oeste do Paraná, a região mais rica do Estado em termos de agricultura, avicultura e suinocultura. Uma armadilha está sendo preparada para explodir nesta área, que é maior do que o Rio de Janeiro e Pernambuco juntos, adverte o artigo.
Método é proibido por lei na França
Zuleica Nycz e Ivo Pugnaloni denunciam que o “fracking”, produção de energia elétrica a partir de depósitos residuais de óleo e gás em poços de curta vida útil, representa “um método devastador para o solo, ar, as aguas superficiais, subterrâneas, que afetará a segurança dos grupos indígenas e das unidades de conservação, ameaçando igualmente e de forma devastadora toda a economia baseada nas atividades agroindustriais no Estado do Paraná”. No dia 28 de novembro, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) realizará um leilão no Rio de Janeiro envolvendo áreas de 169 mil quilômetros quadrados no Oeste do Paraná, a região mais rica do Estado em termos de agricultura, avicultura e suinocultura. Uma armadilha está sendo preparada para explodir nesta área, que é maior do que o Rio de Janeiro e Pernambuco juntos, adverte o artigo.
Método é proibido por lei na França
O método do “fracking” e seus efeitos sobre o meio ambiente,
acrescentam os autores, são conhecidos há mais de 40 anos. Em 2005, o então
presidente dos Estados Unidos, George Bush, valeu-se do clima de
terror alimentado a partir dos atentados de 11 de setembro e do fantasma da
escassez de energia para editar a Lei das Exceções, que isentou as
empresas produtoras que utilizassem o “fracking” de cumprirem qualquer
legislação ambiental sobre a qualidade da água e do ar. Esse tipo de isenção,
alertam Nycz e Pugnaloni, “já pode ser
operacionalizado no Brasil por meio da Lei Complementar 140/2011,
que em seu artigo 7º permitiria, segundo a vontade da União, retirar dos órgãos
ambientais, tanto do Ibama quanto dos órgãos estaduais, a
competência para licenciar esse tipo de processo”.
O artigo aponta ainda que esse método de exploração de gás e petróleo já é proibido por lei na França, na Bulgária, na Irlanda, na Irlanda do Norte e está sendo questionado em praticamente todos os países da Europa. Foi graças à pressão da sociedade, acrescenta, que o primeiro-ministro francês, François Hollande, fez aprovar na Assembleia Nacional uma lei estabelecendo a moratória do “fracking” no país. Na Inglaterra, Romênia, Holanda, Espanha, Canadá, Costa Rica e Estados Unidos também há campanhas e mobilizações em curso com o mesmo objetivo. No caso do Paraná, haveria mais um fator agravante: a área visada para a exploração, num polígono formado pelas cidades de Pitanga, Paranavaí, Toledo e Cascavel, fica situada bem próxima do Aquífero Guarani, um dos maiores reservatórios subterrâneos de água doce do mundo.
Água da torneira pegando fogo
O artigo aponta ainda que esse método de exploração de gás e petróleo já é proibido por lei na França, na Bulgária, na Irlanda, na Irlanda do Norte e está sendo questionado em praticamente todos os países da Europa. Foi graças à pressão da sociedade, acrescenta, que o primeiro-ministro francês, François Hollande, fez aprovar na Assembleia Nacional uma lei estabelecendo a moratória do “fracking” no país. Na Inglaterra, Romênia, Holanda, Espanha, Canadá, Costa Rica e Estados Unidos também há campanhas e mobilizações em curso com o mesmo objetivo. No caso do Paraná, haveria mais um fator agravante: a área visada para a exploração, num polígono formado pelas cidades de Pitanga, Paranavaí, Toledo e Cascavel, fica situada bem próxima do Aquífero Guarani, um dos maiores reservatórios subterrâneos de água doce do mundo.
Água da torneira pegando fogo
Nos Estados Unidos, assinalam Nycz e Pugnaloni,
agricultores de estados como Pensilvânia, Arizona, Ohio e Colorado lamentam o
fato de terem caído no canto da sereia que acenou com uma suposta sorte grande
de “ter petróleo na minha terra”. Quando passaram a ver seus rios e a água de
suas torneiras pegando fogo viram que estavam com um sério problema nas mãos.
Um dos efeitos colaterais desse tipo de exploração é a contaminação dos lençóis
freáticos e aquíferos com metano. Após as explosões, o gás sobe do fundo da
terra para a superfície e mistura-se com a água dos poços das casas. Além
disso, os efeitos da ingestão do metano diluído em água podem causar sérios
problemas de saúde envolvendo o sistema nervoso central, fígado e coração.
Os críticos do método denunciam que ele já foi responsável por várias mortes e internamentos antes que esses vazamentos do solo para a água fossem descobertos, uma vez que o metano é inodoro, insosso e incolor. O assunto já virou tema de filme também nos Estados Unidos: “A Terra Prometida” (Promised Land, EUA, 2012), dirigido por Gus van Sant, conta a história de dois funcionários de uma grande corporação da área de energia que desembarcam em uma pequena cidade rural dos EUA, para tentar negociar com os moradores os direitos de perfuração de suas propriedades para a exploração de gás natural. A salvação oferecida pela grande corporação está baseada, porém, em um polêmico processo de extração de gás natural: o “fracking”. O tema parece ter desembarcado definitivamente também ao Brasil.
Os críticos do método denunciam que ele já foi responsável por várias mortes e internamentos antes que esses vazamentos do solo para a água fossem descobertos, uma vez que o metano é inodoro, insosso e incolor. O assunto já virou tema de filme também nos Estados Unidos: “A Terra Prometida” (Promised Land, EUA, 2012), dirigido por Gus van Sant, conta a história de dois funcionários de uma grande corporação da área de energia que desembarcam em uma pequena cidade rural dos EUA, para tentar negociar com os moradores os direitos de perfuração de suas propriedades para a exploração de gás natural. A salvação oferecida pela grande corporação está baseada, porém, em um polêmico processo de extração de gás natural: o “fracking”. O tema parece ter desembarcado definitivamente também ao Brasil.
Fonte: IHU
0 Comentários