Relatório da CPT mostra que assassinatos no campo crescem 24% em um ano
A disputa pela terra no Brasil ainda tem causado inúmeros
conflitos e elevado o números de mortos no campo. AComissão Pastoral da
Terra (CPT) lançou na segunda-feira, dia 22/04, a 28ª edição do Relatório
Anual Conflitos do Campo Brasil 2012. O lançamento ocorreu no acampamento
Hugo Chávez, em Brasília (DF), e reuniu, além de trabalhadores e trabalhadoras
rurais sem terra, dezenas de organizações, movimentos e pastorais sociais
ligadas à luta pela terra.
A informação é publicada pelo Boletim da CNBB,
23-04-2013.
De acordo com os dados, em 2012 houve um crescimento de 24%
no número de assassinatos e de 102% nas tentativas de assassinatos. De 29, em
2011, para 36, em 2012, e de 38 em 2011 para 77 em 2012, respectivamente. Já o
número de trabalhadores presos subiu de 89 para 99, um aumento de 11,2%. O
número de ameaçados de morte teve uma redução de 15%, 347, em 2011, para 295,
em 2012, no entanto, um dado que merece atenção é o de que 7 das 36 pessoas
assassinadas, já haviam recebido ameaças de morte, ou seja, 1 em cada 5 dos
assassinados no campo em 2012 sofreu esse tipo de intimidação.
As mortes se concentram na região Norte do
país (17), Nordeste (11), Sudeste (7), e Centro-Oeste (1).
O estado que registrou o maior número de assassinatos foi Rondônia,
número quatro vezes maior do que o ano anterior. Já o estado do Pará apresentou
uma redução, de 12 trabalhadores mortos em 2011, para 6 em 2012. Os estados do Rio
de Janeiro e Minas Gerais que em 2011 não registraram
nenhuma morte por conflito no campo, em 2012 chegaram a quatro e três
assassinatos, respectivamente.
Os conflitos por terra, nos últimos cinco anos, vêm
apresentando uma tendência de crescimento. Em 2008 registrou-se o menor número
de conflitos em uma década, 751. Em 2009, esse número saltou para 854, ficando
praticamente estável em 2010, 853. Em 2011 foram registrados 1.035 conflitos
pela terra e em 2012, 1.067. Isso significa que em cinco anos, o número de
conflitos por terra cresceu 42%. Além disso, as famílias vítimas de pistolagem
subiram de 15.456, em 2011, para 19.968, em 2012. Um crescimento de
aproximadamente 30%, o maior índice desde 2004. Somando todos os conflitos que
a CPT registra – por terra, água, trabalhistas e em situação de seca – o número
total de conflitos em 2012 soma 1.364, apenas um a mais do que em 2011, 1.363.
Na solenidade, a apresentação dos dados foi coordenada por
dom Tomás Balduíno, conselheiro permanente da CPT, Carlos
Walter Porto-Gonçalves, da Universidade Federal Fluminense, Antônio
Canuto, secretário da CPT, eIsolete Wichinieski, da coordenação
nacional da CPT. Padre Ari Antônio dos Reis, assessor da Comissão
Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, Justiça e Paz da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), também acompanhou o lançamento.
Fonte: IHU
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