Menino carrega água do Rio São Francisco - Foto: João Zinclar

Desde a criação até à atualidade, os seres de Deus e a nossa irmã água promoveram uma relação de conseqüência e dependência. Observarmos que regiões onde a água foi, ou é, abundante, se transformaram em berçários do mundo, onde a biodiversidade e a vida nos provam a beleza e a grandeza de Deus. Sabemos que o mundo é constituído, em sua maior parte, de água. Este mesmo fluido, que nós temos em nossa constituição física, em proporção considerável, passa hoje a ser mais do que uma preocupação temática, é um produto explorado pela “publicidade do reaproveitamento”. Não devemos também pensar que o problema será resolvido por si só, que a natureza se reinventará... Não! Nós como franciscanos, promotores da paz e da Boa Nova de Cristo, devemos sempre lembrar que somos promotores da vida e da caridade.

Santo Antônio prega aos peixes

Um dos maiores problemas que enfrentamos em relação à água, é a sua escassez, que já afeta o Oriente Médio, a China, a Índia e o norte da África. Até o ano 2050, as previsões são sombrias. A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que 50 países enfrentarão crise no abastecimento de água. Além disso, por causa da poluição do meio ambiente, a falta de conscientização e o desperdício fazem com que a população enfrente catástrofes como as chuvas intensas na região serrana do Rio de Janeiro.

Destruição causada pelas enchentes no Rio de Janeiro

Inúmeras campanhas vêm sendo desenvolvidas por muitas organizações e movimentos para conscientizar a população sobre um uso mais racional da água. Como exemplo, podemos citar a preocupação da Igreja que lançou, na Campanha da Fraternidade de 2004, o tema: “Água, Fonte de Vida”, levando-nos a meditar sobre a importância da água em nossas vidas, como fonte de vida, fonte econômica, fonte de alimentos, fonte de desenvolvimento e fonte de justiça social.

Cartaz da Campanha da Fraternidade 2004

Além disso, a água assume na vida cristã um simbolismo muito forte. O batismo com água firma nosso compromisso com a missão de Jesus que, desde o batismo até à morte na cruz, deu sua vida em resgate por muitos. E nós, somos batizados com água, para então sermos batizados pelo Espírito Santo. E ainda, é com ela que Jesus lava os pés de seus discípulos, simbolizando a purificação e quando ensina sobre a caridade, reconhece como obra de amor um copo de água (Mt 10,42). Quando prega, convida os sedentos para beber sua água eterna (Jo 4,14). Ou seja, ela é símbolo da união do divino com o humano, é sinal da graça e do amor que jorram de Deus.

Ato do Lava-Pés, na Missa da Ceia do Senhor (Quinta-feira Santa)

Portanto, a água é mais do que necessidade, é sinal de dignidade do povo. Se queremos lutar por uma economia estável, pelo direito à educação, à saúde, à comida, devemos garantir a todos os povos o direito à água limpa, pura, santa. Não nos surpreendamos se futuramente os povos travarem guerras por ela, que nós brasileiros sejamos alvo de cobiça e especulações, mas como franciscanos sejamos fraternos, cuidando desse bem que pertence a todos, que é de Deus. Saibamos dar o verdadeiro valor ao Dom da Vida. Saibamos enxergar na nossa irmã água a imagem de Deus.


Jordana Camilotti - Sub Reg DHJUPIC Sul 1 (Paraná)
Fraternidade Frei Pio - Céu Azul-PR