*Palmeira de Tucum
A palmeira de tucum existe sobre tudo na região do Amazonas e nos estados brasileiros mais pobres, Maranhão e Piauí. Como arbusto grande ou palmeira singular, ela está sendo respeitada pelas pessoas e pelos animais por causa de seus espinhos perigosos. Na seca devastadora do Nordeste, a palmeira de tucum (alem do mandacaru) é conhecida como símbolo de perseverança. Como oásis verde, em meio a uma natureza queimada, ela parece de longe como esperança na chuva tão desejada que é fonte de vida. Sua tática de sobrevivência e de aprofundar as suas raízes um tanto na terra, até alcançar um veio d’água subterrâneo ou um lençol d’água. Além da folhagem sempre verde, a palmeira de tucum produz cachos grandes de um coco gostoso que, mesmo possuindo uma casca muito dura, tem um gosto trópico refrescante.

Eis aqui mais uma vez as palavras chaves que caracterizam esta planta como um verdadeiro fenômeno da natureza:

-Sinal de esperança em tempo de seca devastador;
-Autodefesa pelos espinhos;
-Arte de sobrevivência pela profundidade das raízes;
-Cocos gostosos, protegidos por sua casca dura e os espinhos da palmeira.

*Anel de Tucum
Tribos indígenas no Amazonas acolheram o fenômeno da palmeira de tucum na sua cultura enraizada na natureza. Certamente impressionados pela forca extraordinária de vida e sobrevivência desta palmeira, os indígenas trabalham a casca dura dos pequenos cocos em anéis. Estes são colocados, como anéis de cura, no dedo de um doente, na esperança do iminente restabelecimento da saúde.

*Anel de Libertação
Desde o surgimento da Teologia da Libertação e a ligação de fé e vida nas Comunidades Eclesiais de base (CEBs) na América Latina, cada vez mais cristãos/ãs usam conscientemente o anel de tucum. Leigos/as, religiosos/as, diáconos, sacerdotes, bispos e cardeais querem assim expressar a sua opção solidária pelos pobres e excluídos. O anel se tornou assim um anel de cura para uma sociedade doente que sofre injustiças sociais, corrupção, exclusão de grupos sociais inteiros, manipulação e numerosas formas de discriminação. Inspirados na forca de resistência da palmeira de tucum, na sua sede de vida (profundidade das raízes) e na esperança que ela simboliza através de sua folhagem sempre verde, os muitos usuários/as do anel lutam com coragem por justiça, paz e defesa dos direitos humanos. Nesta luta eles e elas arriscam muitas vezes a sua própria vida. Para eles e elas o anel de tucum significa mais do que apenas um enfeite. Ele se tornou um sinal externo da co-responsabilidade cristã em prol de um mundo mais justo e mais humano, na qual todas as pessoas têm uma chance de sobrevivência e vida digna.

Olhar para o anel de tucum no meu dedo é sempre de novo uma salutar “memória perigosa”, lembrando que eu não devo me fechar diante de tanta injustiça neste mundo. Mas eu quero, junto com os outros usuários/as do anel de tucum e todas as pessoas de boa vontade, construir com coragem e criatividade uma ordem melhor para o nosso mundo.

Frei Agostinho Diekmann, OFM.